Jesus Cristo... Senhor Deles e Nosso

Quarta Reunião

(3 de Fevereiro, 1964 – Noite)


Queridos amigos, não a é minha intenção retê-los por muito tempo. De fato, creio que não devo falar muito esta noite, mas há uma coisa que devo dizer. Estou tão grato pela oportunidade que esta festa de amor tem me dado. Ela tem me dado a oportunidade de conhecer tantos irmãos e irmãs em Cristo. Não sou tão convencido assim de pensar que essa festa de amor foi arranjada por causa da minha vinda às Filipinas. Mas penso ser uma grande bênção que tantos possam estar juntos assim. Talvez muitos de nós não nos conheceríamos se não fosse essa oportunidade. Então, agradeço meus irmãos aqui por essa provisão. Se quando eu estava falando aqui ontem à noite me dissessem que mais de 700 pessoas estariam reunidas em torno das mesas neste local, acho que teria sido difícil acreditar. E que maravilhosa festa têm sido, mas há algo mais maravilhoso do que a multidão e mais maravilhoso do que a festa. É o amor de Cristo que está em cada coração aqui neste local esta noite.

Quando eu estava pensando e orando sobre esta noite e pedindo ao Senhor por apenas uma pequena palavra para vos dar, veio em meu coração as primeiras palavras de Paulo na primeira carta aos coríntios. Vou ler para vocês. “Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus), e o irmão Sóstenes, à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.” É a última parte deste verso que está muito forte no meu coração: “com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.” Eu acho que o apóstolo Paulo era um homem muito sábio. Ele era um homem muito inteligente e nesses dois versos sua inteligência vem à tona. Veja que ele começa endereçando à igreja de Deus que está em Corinto. Os corintios tinham um grande dom de divisão. Mais tarde o apóstolo diria que haviam divisões entre eles. Suas divisões eram marcadas por círculos em torno de diferentes homens. Um grupo dizia: “somos de Paulo”, outro dizia: “nós somos de Apolo”, outro grupo dizia: “nós somos de Pedro”; ou seja, haviam pessoas marcadas pelas divisões. Foi para essas pessoas e àquelas divisões que o apóstolo disse: a “todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso”.

Quão grande é a igreja? É tão grande quanto Jesus Cristo. O problema com os corintios é que estavam tornando Jesus muito menor do que Ele realmente é. Por isso o apóstolo, logo no início disse: não, Jesus é maior do que todos os grupos juntos. A todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.

Divisões são sempre o resultado de tornar Jesus menor do que Ele realmente é. Nosso Senhor Jesus é maior que o homem. Temos um hino com uma frase assim: “O amor de Deus é maior do que a medida da mente humana.” Estamos sempre fazendo Deus e o amor de Deus do mesmo tamanho que nossa própria mente. E se as pessoas não concordam com a nossa mente, é aí onde o amor de Deus é interrompido em nós. Nós, aqui nesta noite, representamos muitos grupos. Talvez tenhamos nossos próprios pensamentos, mas se essa festa realmente está à altura de seu nome, ela representa algo muito maior do que nossa mente. Não estamos reunidos para homens ou um homem. Nenhum homem, para nós, pode ter a medida de Cristo. Estamos aqui esta noite porque esta é realmente uma festa de amor. Isso quer dizer que o amor de Cristo está em nosso coração. Nós deixamos os nossos grupos. Nós deixamos nossas divisões. Estamos aqui na mesma base de Cristo. Quão grandioso seria se todos os cristãos olhassem apenas para essa base! A base de tantos cristãos, a base de algumas denominações, algumas organizações, de algum ensinamento especial, ou de tantas coisas diferentes, essas são as bases deles. Mas a verdadeira base do cristão é Cristo. Se todos tivéssemos um maior interesse pelo Senhor Jesus do que temos para com as coisas religiosas, como as coisas seriam diferentes no mundo.

Espero que todos concordem com isso. Você concorda em teoria, mas saiba que é muito prático. Ser vizinho de alguém é uma questão muito prática. Isso revela quem você é, não é mesmo? O jeito que você convive com seu vizinho. Há outra coisa que, em teoria, todos vocês concordarão. É que essa vida é uma preparação para o céu. Vocês creem nisso? Vocês diriam que estão a caminho do céu e esperam um dia estarem lá. E concordam que essa vida presente é uma preparação para o céu. Vocês creem nisso? Porque é algo muito prático. Seremos todos vizinhos no céu. Todos viveremos ao lado do outro. Vocês se lembram que há uma descrição da Nova Jerusalém no final da bíblia?

Creio que aquele que escreveu nossos hinos se desviou nesse assunto. Há um hino que diz: “as ruas, me disseram, são pavimentadas de puro ouro.” Essa é uma falsa doutrina. A bíblia diz que há apenas uma rua. Apenas uma rua na Nova Jerusalém. Essa única rua é de ouro. Queridos amigos, todos viveremos na mesma rua no céu. Seremos todos vizinhos. Se tomarmos isso literalmente, não seremos capazes de sair de nossas casas sem nos encontrarmos com todos.

Uma vez uma pessoa veio da América para a Inglaterra. Eles viajaram no mesmo barco que nós. Eles nunca estiveram na Inglaterra. Entramos no trem para irmos do porto até Londres. Essa pessoa viu a longa fileira de casas unidas umas às outras e ela olhava espantada. “Olhe todas essas casas unidas, umas às outras. Como você consegue viver se não gostar do seu vizinho?”

No céu há apenas uma rua e é pavimentada com ouro puro. Mas eu não creio que é para tomarmos isso literalmente. Creio que é algo simbólico e tem a intenção de nos ensinar duas coisas. (1) Estaremos todos na mais íntima comunhão no céu. E (2) o ouro é o símbolo do amor de Deus. Estaremos todos juntos no amor de Deus.

Eu disse que vocês creem que essa vida é uma preparação para o céu. Vocês creem nisso? É melhor começar a saber conviver com seus vizinhos agora. Quero dizer vocês, vizinhos cristãos. Todos aqueles que em todo lugar invocam o nome do nosso Senhor Jesus.

Quais serão as principais características do céu? É dito que Cristo será tudo em todos. As características do céu serão Cristo de tudo? Não coisas, não instituições, mas apenas Cristo. Se será assim, então é melhor começarmos a tornar Cristo tudo agora. Se é para termos tudo nessa vida como uma prévia do céu, isso só será possível se Cristo for mais do que qualquer coisa e todas as demais. Então nossa oração diária deve ser: “Senhor, prepara-me para o céu e faça isso enchendo-me mais e mais de Cristo.” Aceitem essas palavras de Paulo: “com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.” Que o Senhor abençoe a todos vós, queridos amigos.